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Lindos Casos de Chico Xavier

 

Irmão Cirilo Pinto

Livro: Lindos Casos de Chico Xavier - 150
Ramiro Gama

O presente lindo caso ouvimo-lo na cidade de Caçapava, quando, em 1952, visitávamos, com o Capitão Jaime Rolemberg, os Espiritistas locais.

Fomos hospedados na casa do caro Irmão Filadelfo Siqueira, espiritista abnegado, de quem nos tornamos amigo. Ali, conhecemos Cirilo Pinto. vivendo, numa sala em separado, sua grande prova. Ficamos impressionados com sua conversação, sua convicção, seus esclarecimentos doutrinários e as graças que tem ganho pela mediunidade de Chico Xavier. Mais ainda nos tocou a alma: o cromo que nos mostrou e que lhe foi enviado pelo querido e amoroso médium, no qual. estão duas cruzes. uma pequena e outra grande, sendo que a grande é carregada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Nosso irmão traduziu a delicadeza do amigo ofertante, que, de forma tão expressiva lhe tornava leve a jornada com mostrar-lhe a cruz pequena que todos carregamos...

E sua inteligente e caritativa sobrinha Betty, conta-nos, emocionando-nos:

- No mês de outubro de 1936, Cirilo Pinto, velho morador de Caçapava, queridíssimo pelos habitantes, espíritas ou não espíritas, por questões políticas, é denunciado como portador de lepra, por ter às mãos ENCARANGADAS.

Deveria ser internado, pedia o denunciante. Deixou Cirilo Pinto a direção do Centro Espírita Caçapavense e fugiu. Jamais se entregaria aos seus inimigos gratuitos, pois sabia que não era portador do mal de Hansen, tanto mais que Espíritos Amigos lhe haviam esclarecido sobre isto.

Passado algum tempo, cessada a perseguição à sua família, Cirilo. escondidamente, volta a seu lar e se enclausura num dos quartos, nos fundos do quintal. Vive aí, suas horas dolorosas, como um animal acuado.

Só Deus sabe quanto sofreu! Filadelfo e Justino Siqueira. almas afeitas ao bem, foram a Pedro Leopoldo e recebem de Emmanuel, por intermédio do Chico Xavier, esta comovedora e instrutiva Mensagem dirigida ao Irmão Cirilo, cuja prova dolorosa o Médium ignorava:

Meus amigos, Deus vos conceda muita Paz espiritual e, sobretudo muita coragem para enfrentardes as lutas ásperas da vida terrestre.

Sei da angústia que vos dilacera o coração sensível e fraterno, em face das provas expiatórias da existência material, e conheço o sacrifício efetuado para tão longa viagem, em busca de um amparo moral para o coração. Sim. O Espiritismo veio para o esclarecimento e para a consolação!... Manancial divino e sacrossanto, é nas suas águas tranqüilas e puras que a sede humana, de conforto e de Paz, é devidamente saciada, na perspectiva deslumbrante da vida do infinito. Depois da esteira larga das dores, desdobra-se a estrada divina da redenção no plano imortal e somente lá, distante do convencionalismo e dos enganos da existência na Terra, podemos compreender integralmente a causa dos sofrimentos e das provocações. Procurai confortar e amparar o nosso irmão Cirilo em suas dolorosas provas. São elas rudes, mas são necessárias à sua personalidade, sobre a face da Terra. Não está ele atacado pela morféia; o fenômeno orgânico do atrofiamento das mãos tem suas raízes em uma intoxicação úrica, violentíssima e avassaladora, que ficou circunscrita em seus efeitos nefastos. Para a família, portanto, considerando igualmente os membros da família espiritual, no labor da doutrina, não devem preva­lecer infundados receios ou dúvidas quanto a isso.

Lamentamos apenas que, considerando a necessidade das provações purificadoras, não possamos estender essa certeza ao ambiente social, onde os pre­zados irmãos foram chamados a trabalhar e a viver, em vista da nossa impossibilidade de eliminar de um dia para outro a série de perseguições, de que ele tem sido vítima, em companhia de seus fa­miliares e de seus amigos, em face da necessidade do resgate penoso de passados sombrios e delituosos. Precisamos dar ainda mais tempo, esperando a manifestação da misericórdia divina que não nos desam­parará. A cura total das mãos do vosso amigo não é de se esperar, digamo-lo com franqueza, todavia, aguardaremos as suas melhoras que hão de vir, com a bondade inesgotável do nosso Divino Mestre. Convém, portanto, que o nosso amigo prossiga em seu sacrifício, por mais algum tempo, de maneira a não precipitar qualquer medida que determine o deslocamento de toda a sua família, tão operosa, tão fraterna e tão unida, em seus trabalhos de cada dia, esperando que o tempo consiga apagar o calor das perseguições tenazes e dolorosas.

Voltará o dia de tranqüilidade e de paz, na dor e no sacrifício. Espe­remos a Providência Divina. Agora, perguntareis, talvez, quais os atos do pretérito que motivaram provações tão dolorosas e tão duras, mas é que os vossos olhos materiais estão obnubilados no cadinho da estrutura material.

O nosso irmão resgata hoje um passado de penosos débitos espirituais, quando as suas mãos lavraram sentenças ina­peláveis no tribunal da Inquisição e da penitência, nas eras que se foram, considerando-se que, cada um de vós que hoje com ele sofreis, tendes igualmente a vossa parcela de responsabilidade, em face das eras que se foram. Se assim me exprimo é tão somente com o fim de elucidar-vos parcialmente, fortificando-vos no coração a esperança no Senhor, cuja justiça perfeita é completa, mas igualmente cheia de bondade e de misericórdia. As perseguições de hoje são reflexos das lutas de ontem, como o valor e a resignação da hora que passa representam as luzes da redenção de amanhã.

Levai as minhas palavras fraternas ao coração do nosso amigo enfermo.

Ele me compreenderá, com o largo cabedal de crença e de fé do seu coração, com o qual foi o seu espírito fortificado, desde muitos anos, para a travessia das atuais provações. Em família, buscai esclarecer aqueles que ainda duvidam, consolidando a certeza de que o nosso irmão não se acha atacado do mal contagioso. segundo as afirmativas da ciência falível, mas sim, na prova, onde se encontram todos os espíritos encarnados, constituindo uma obrigação de cada um ampará-lo, em suas lutas deste momento. Quanto aos perseguidores, tolerai com re­signação e caridade. Todas as tempestades chegam e passam, ainda mesmo as mais longas, tal qual essas que vem provocando tantas lágrimas, há quanto tempo, mas orai e esperai, cheios de confiança naquele que representa toda a Verdade e toda a Luz. Cada qual tem o seu dia de dor sobre a face da Terra! Os que hoje perse­guem, levados pela vaidade e pela ambição, amanhã encontrarão os mesmos espinhos na estrada escabrosa da existência material. Não deveis providenciar qualquer mudança da oficina onde vos encontrais. Que o vosso Irmão Cirilo sacrifique-se ainda mais um pouco, por algum tempo, aguardando a misericórdia do Pai, com o fim de har­monizar o ambiente dos seus, e que o amparem fraternalmente, como se faz necessário. Para o seu físico, deve abolir as carnes da ali­mentação, usar o mínimo de sal, usando depurativos e diuréticos, friccionando as mãos com o opodeldoch.

Esse tratamento lhe fará bem, defendendo-o do ácido úrico e de suas manifestações.

Todas as manhãs, faça ele uma fricção, com uma prece. Estaremos presentes para ajudá-lo como se faz preciso. E agora, meus amigos, despeço-me de vossos corações desejando-vos a mais santa paz de espírito.

Que o Senhor nos abençoe o entendimento, concedendo-nos muita coragem para a luta, é a rogativa sincera do vosso irmão humilde.

Emmanuel, Pedro Leopoldo 25/10/1938".

Dois anos depois, desencarna a amorosa mãe de Cirilo, D. Nazinha.

Ele mais sofre com isto, pois que perdera, no seu dizer, uma grande colaboradora, além de mãe extremosa. Chico Xavier, que ignorava o que se passara, recebe, para o Irmão Cirilo, esta Mensagem, um mês depois do descesso da cara Irmã Nazinha:

"Cirilo, meu filho, Deus o abençoe, derramando sobre vocês todos a sua santa Paz.

Agradeço a Jesus, com lágrimas nos olhos, por poder enviar ao seu coração a minha palavra de mãe, guiada por nossos dedicados Guias espirituais. Quero pedir, em nome de nossas recordações do passado, quando você era o meu amparo e o meu sustento na vida; quero lembrar-me, sim meu filho, de nossas dificuldades e de nossas dores, esperando que Jesus esteja sempre com o coração de filho generoso e sensível; NÃO PERCA A SUA SERE­NIDADE nas provações dolorosas. Hoje vejo que os dias melhores para o meu espírito na Terra foram os do trabalho e da amargura com as penas materiais. É por isso que estou sempre ao seu lado, não só pelo carinho materno, mas também pelo resgate da minha dívida de gratidão do tempo em que, menino e moço, abandonava você às ilusões da existência para me ajudar a criar os seus irmãozinhos, aliviando as minhas amarguras domésticas.

Ouça, meu filho, os conselhos de Filadelfo e da Maria, quando você estiver acabrunhado e em desalento. Filadelfo é também um segundo pai para a família e o seu coração fraternal tem sabido retribuir todos os sacrifícios que você fez no passado por todos nós. Cirilo, meu filho, pudesse você divisar os meus olhos, ve-los-ia cheios do pranto de agradecimento a Jesus por haver dado à nossa família a bendida esmola do Espiritismo cristão. Graças a Deus, foi o seu coração o instrumento sagrado para nós todos nos dias que lá foram.

Nos instantes amargos de hoje, meu filho, renda louvores a Jesus.

A dor é agora menos amarga para todos e a fé é luz que nos reconforta.

Não pense que eu o deixe só. Nas suas horas tristes, bem como nas dificuldades de todos os seus Irmãos, o meu coração maternal está junto de todos, rogando a Jesus fortaleza e resignação, coragem e esperança. Sim, filho, passemos as provas com paciência e confiança, na Providência Divina. Encoragem os seus Irmãos com a resistência moral e necessária. Continue sendo a boa palavra e o amparo moral deles todos. A cada um envio o meu voto de amor e de paz.. rogando a Deus os abençoe. Rogo a Jesus ampare igualmente ao nosso Filadelfo, para que prossiga sempre firme em seus esforços. Que Deus os proteja e esclareça é a súplica ardente do meu coração de mãe, que nunca poderá esquecê-los.

NAZINHA".

Recluso, embora, ia Cirilo realizando seu trabalho junto à Doutrina.

Muitas vezes, chegou a lutar com espíritos rebeldes, que o queriam submeter aos seus caprichos ou que prejudicavam a alguém.

O desencarne de uma sobrinha muito querida, afeiçoada ao bem, espírito evangelizado, fê-lo enfraquecer-se muito. Foi, então, que espíritos rebeldes, velhos inimigos seus, o atacaram com êxito. Ficou como que obsidiado. Sofria muito e fazia sofrerem os seus.

O Chico foi lembrado.

Uma carta, escrita entre lágrimas, foi enviada ao que­rido Médium, e, dias depois, a resposta veio dirigida à cara irmã Betty: que não se apoquentassem, tudo iria ser solucionado na Paz do Senhor.

No verso da carta, escreveu ao irmão Cirilo:

Recebi sua carta e acompanho o seu bom coração com as minhas preces a Jesus.

Ele, meu bom amigo, nosso Mestre e Senhor, nos ajudará a carregar o madeiro de nossa redenção.

Tenhamos, como sempre, a coragem e fé. Atendamos à vontade do Mestre, meu caro Irmão. Ele tem poder para nos salvar de todas as lutas.

Re­ceba um grande abraço do seu menor irmão reconhecido de sempre

- CHICO - P.L. 10-1-1945.

O caro Irmão Cirilo, com esta cartinha, comoveu-se, animou-se, seguiu os conselhos, colocou sobre a mesa o cartão com a cruz grande e a cruz pequena, que lhe fora dedicado, que lhe ficou sempre à vista, a lembrar-lhe deveres. Melhorou e entrou na luta remissiva, de novo.

Está hoje, graças a Deus, recuperado, vivendo sua prova, com fé e resignação, levantando desanimados, burilando corações enfer­mos, fazendo o bem.

Aí está, caro leitor, um lindo caso do Irmão Cirilo, com quem oramos, no seu quarto humilde, quando visitamos Caçapava Trans­crevemos as Mensagens de Emmanuel, D. Nazinha e do Chico - por contarem ensinamentos edificantes, consoladores, que poderão servir amanhã para outros Irmãos, com casos idênticos, que, por ventura se sintam acovardados diante da prova, da luta redentora. com e por Jesus!.

 


Muita Paz

Gilberto Adamatti

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