Mensagem de Wellington Ramon Monteiro Rodrigues Livro: Assuntos da Vida e da Morte Nascimento: 26.01.1958 – Ourinhos – SP. ** DEPOIMENTO. A princípio toda a família não se conformava. (*) – Amigo também vitimado pelo acidente. ** MENSAGEM DE WELLINGTON RAMON MONTEIRO RODRIGUES. Querida Mãezinha, com meu pai; receba meu pedido de bênção. Ainda me sinto muito desnorteado para escrever, mas o meu avô Oswaldo, 1 , insiste para que eu lhes envie algumas notícias e não posso recuar. Peço-lhes não chorarem com tanta expressão de sofrimento – e chamarem por mim. Realmente, o problema foi uma parada difícil de resolver. Tive a idéia de que nos achávamos num pano de bilhar. Os carros eram as nossas bolas para pontos felizes e infelizes. Toquei para determinada direção, mas outro veículo nos acertou em cheio. Desejei socorrer o Oldack 2, mas nada consegui. Não sei quanto tempo perdurou aquela minha situação de sono endérmico, recolhendo as mais estranhas sensações. Queria manter-me aceso, mas nada consegui. Um sono profundo, traçado de sonhos em que tudo me vinha à memória, desde os meus primeiros dias de criança, empolgou-me totalmente. Não tive outra saída, senão cair num torpor esquisito, no qual, se falei alguma coisa, foi claramente sem pensar. Depois de um tempo (que julgo longo) acordei numa tarde agradável. Conheci o lugar. Era o Jardim Melo Peixoto, 3, propício à meditação e aos bons pensamentos. Quis arrancar-me de lá para casa, mas não consegui. Parecia que eu entrara em outros processos de existência, no campo da gravitação. Reconheci-me preso a terra e, sentado, esperei que alguém me orientasse nos passos de volta ao lar. Muitas pessoas passaram por mim. Mas não me viam e nem me ouviam. Entranhando o caso, e com a minha recordação do acidente a me empolgar o pensamento, continuei esperando... Até que meu avô Oswaldo surgiu à minha frente, com dois amigos dele, de nome Cristone e José Fernandes Grillo 4, que me convidaram para acompanha-los. E surpreendi-me, porque entrelaçando o meu braço com o de meu avô, senti-me leve de inesperado, buscando junto deles o refúgio onde me vejo ainda em tratamento. Estou melhor, mas nada sei do Oldack. Tenho tido poucas oportunidades de ausentar-me do instituto em que me vejo resguardado, mas meu avô Oswaldo me declarou que seria valioso trazer-me para um encontro já pedido, de modo a comunicar-lhes que vou indo bem, porque estou seguindo melhor. Quisera saber muito para falar menos um pouco sobre a morte, mas ainda não tenho recursos para isso. Esperemos que o tempo me prepare com mais esperança. Posso, porém, dizer-lhes que o nosso corpo aqui não está isento dos resultados difíceis que remanescem dos acidentes. Não temos um corpo de impressões, e, sim, um veículo de manifestações com fisiologia maravilhosamente organizada. E a qualquer estrago obtido no mundo, nos casos de impactos, somos obrigados a tratamentos laboriosos, como acontece em qualquer hospital de Ourinhos. É um mundo novo, com faculdades novas a servir-nos, mas não disponho de outro recurso, senão aguardar a passagem do tempo, a fim de fazer as minhas próprias averiguações. Queridos pais, especialmente você, querida Mãezinha, não me esqueçam em suas preces. Isso é um empreendimento de imenso valor, porque as recordações construtivas do mundo nos infundem mais esperanças e mais fé no futuro. Não posso escrever mais, por hoje. Meu bisavô Rodrigues, 5, que está conosco – e meu avô Oswaldo lhes deixam saudades carinhosas. E, de minha parte, peço receberem todo amor e todo o reconhecimento do filho ainda em convalescença e que espera restaurar-se depressa, para ser-lhes útil. Sempre o filho reconhecido. Wellington Ramon Monteiro Rodrigues – 29.09.1979. ** ELUCIDAÇÕES. 1- Oswaldo Ferreira Rodrigues – Avô paterno, desencarnado em Curitiba-PR, a 09.09.1933. |
Muita Paz
Gilberto Adamatti
Outras mensagens em http://www.geocities.ws/adamatti_rs
0 comentários:
Postar um comentário