[MarcelllãO - MSB] NÓS DEIXÁMOS TUDO Som !

                 NÓS DEIXÁMOS TUDO!...                    

                                                                     - Se alguém vem após Mim sem renunciar......

            Na Liturgia da Palavra de hoje – 4 de Março – A, e às portas da Quaresma, mais uma vez Jesus apela a uma certa penitência que serve para uma regeneração de vida e uma generosidade de amor.

Aqueles pescadores do lago não podiam imaginar que Jesus, o Messias de Deus, pudesse deter o Seu olhar sobre eles e convidá-los a seguirem-n’O e dizer-lhes sem mais explicações, que a Deus nada é impossível.

            Foi Pedro o primeiro a reagir :

            -“Aqui estamos nós que deixámos tudo e Te seguimos”.(Mc.10,20).

             Isto aconteceu depois de Jesus ter aquela conversa com o rico qua fazia tudo bem feito, mas faltava-lhe o amor, mas Jesus tinha ainda mais coisas para dizer aos seus discípulos .       

Pois pedro reagiu bem e podia até ter dito :

            “Não é possível, está enganado. Afasta-Te de mim porque eu não passo de um homem pecador”.

Mas Jesus insistiu e Pedro com os companheiros não foram capazes de  de resistir àquele convite e vindo de quem vinha.

 Deixaram tudo e seguiram-n’O, remata o Evangelho e, daí para a frente, nunca  mais deixaram de falar desta experiência e de conviodar outros a juntarem-se a eles, para  o fazerem também.

O conforto inesperado daquele reconhecimento, a magnanimidade daquele convite, a alegria daquela amizade, vinculou-os para sempre e tornou-os testemunhas da novidade daquele Reino.

Mais do que renúncia, o que o Evangelho nos propõe é uma preferência, aquela que descobrimos como um tesouro, que vale mais do que aquilo que até conhecíamos como proposta de sentido, realização ou segurança.

            Neste Caso, o Senhor Jesus é radical :

            - “Se alguém vier ter comigo, sem renunciar ao amor para com o pai, a mãe, a esposa, os filhos, os irmãos, as irmãs e até a própria vida, não pode ser Meu discípulo”. (Evangelho).

            O próprio Jesus assinalou muitas vezes, ao longo da sua existência no meio de nós,  que o Amor que Ele tinha ao Pai e à Sua Vontade, tinha precedência sobre todos os outros amores, inclusive o amor pela sua própria vida.

            É uma aprendizagem que Jesus nos propõe.

            Nós temos uma forma muito pessoal de amar, porque buscamos segurança, conforto, reconhecimento.

            Naturalmente utilizamos o que é mais pessoal para falar da família que é a nossa, dos amigos que são os meus, do grupo a que eu pertenço, da vida que cada um tem

            Há uma purificação que é preciso realizar e uma libertação que é necessário operar.

            Dando prioridade a Deus, que não se deixa instrumentalizar pelo nosso amor, nós vamos percebendo que não somos donos nem senhores dos outros, porque eles são outros, irredutíveis aos meus propósitos, inconfundíveis com os meus desejos de apropriação e fusão.

            Purificamos o nosso amor  pela abertura ao Amor de Deus, que nos ensina a libertar os outros das teias com que os quereríamos reter e desfrutar.

                  - Perdendo acabamos por ganhar.

    - Dando morte ao instinto de posse, acabamos por libertar.

   - Amando a Deus acima de tudo, acabamos por recuperar todos os amores, na liberdade e na gratuidade.

            Quando o amor surge, quem é que não gostaria de o poder segurar e garantir ?

            Jesus Cristo dirige-nos uma palavra que tem contornos difíceis de aceitar à primeira vista :

            - “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim...”

             Jesus não tem ciumes do amor que dedicamos a outras pessoas.

               O que se passa é que Jesus é a única garantia de todos os outros nossos amores, quer do amor que temos a nós próprios, quer do amor que temos aos outros.

            Ele é o único que não fecha em si mesmo o amor que lhe dedicamos e por isso nos garante de imediato :

                        - “Quem Me recebe, recebe aquele que Me enviou”.

                        - Por Ele o amor torna-se dom e aproxima-se da fonte.

                        - Por Ele o amor tem garantia de perpetuidade.

                        - Por Ele o amor é circulação de bens e refontalização permanente.

                        - Por Ele o amor é docilidade ao Espírito e fidelidade ao Pai.

                        - Por Ele o amor é desapropriação pessoal e abertura à criação.

                        - Por Ele o amor humano torna-se sacramento de Amor Divino.

                        - Por Ele o amor é a celebração de Aliança para a eternidade.

                        - Por Ele o amor é a maior garantia a que podemos aspirar.

            Pelo amor que Jesus ensinou aos seus discípulos :

- Nós aprendemos a amar os outros e a valorizar a nossa própria vida.

- Nós aprendemos a desapropriar-nos de todas as nossas realidades pessoais e existenciais a que chamamos nossas.

- Nós compreendemos que o amor não aprisiona.

- Nós aprendemos que o amor apenas cria aliança para a liberdade.

- Nós aprendemos que cada um deve crescer ao encontro d’Aquele que é Senhor e Pai de todos.

Jesus promete cem vezes mais e a vida eterna e por fim termina assim :

-“Muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos, primeiros”.(Mc.1031).

            E será só assim que experiementaremos que o Amor de Deus que nos pode levar a deixar tudo, é fonte donde jorra para todos a vida e a libertação, a alegria e o encontro, o crescimento e aquela plenitude e certeza de que a Deus nada é impossível,  nos garantem também a possibilidade e capacidade de estarmos incluídos no plano da História da Salvação.

                                                        John